Reabilitados Fantasma
António Frias Marques
2-fev-2017
Fazendo a vontade aos responsáveis autárquicos das principais
cidades, que pretendem criar um cenário fotográfico para delícia de turistas e parolos, assim satisfazendo o lobby dos empreiteiros,
a quem ainda não há muitos anos (por mera ganância) apenas interessava obra nova, recusando-se a praticar o restauro de construções
antigas — encharcando o país de cerca de um milhão de casas a mais e sem préstimo e levando os bancos portugueses à insolvência —
muitos proprietários de prédios urbanos localizados nas zonas centrais e cascos antigos das cidades, a fim de tentarem fugir ao IMI
a triplicar e outras alcavalas que, atingindo dolorosamente os proprietários dos prédios considerados degradados ou devolutos, fizeram
com que se abalançassem à missão de realizar obras de recuperação do seu património imobiliário.
Arcando o proprietário com os
elevados custos das obras e sujeito a uma fiscalização camarária obsessiva, foi finalmente confrontado com a dura realidade dos baixíssimos
rendimentos da maior parte da população portuguesa que procura casa para arrendar, mas que não oferece garantias mínimas do futuro
pagamento da renda justa, ou seja, o equivalente a 6,7 % do Valor Patrimonial Tributário (VPT) atribuído pelas Finanças ao local.
Restabelecer
equilíbrios
Nesta situação, e para não ter de iniciar um precipitado processo de arrendamento com inquilinos indesejáveis, resta
ao proprietário manter o local devoluto, à espera que apareça um arrendatário solvente, com emprego e rendimentos que ofereçam segurança,
lá permanecendo o reabilitado fantasma, visão ilusória de uma administração que não se preocupou de saber para quem se obriga o proprietário
a reabilitar e com que rendimentos vai ser possível pagar as rendas futuras, não especulativas e estabelecidas estritamente de acordo
com os critérios legais.
Deliberadamente, foram ignorados os equilíbrios em relação à oferta e à procura, não sopesando os elevados
custos de opções desapropriadas.
Assim como a construção desenfreada levou os bancos ao estado de insolvabilidade em que se encontram,
oxalá a reabilitação desmedida agora perspetivada e imposta, não leve à falência os proprietários portugueses afetados por imposições
sem nexo, levadas a cabo apenas com intuitos eleitoralistas.
Terreno sólido
Correndo atrás de quimeras, há quem aceite chantagens
e se deixe humilhar.
Resistindo, apesar dos desejos de alguns, a ANP já mostrou que é demasiado forte para morrer.
Temos
dificuldades à nossa frente, não o negamos!
Mas também dispomos de terreno muito sólido!
E é neste terreno firme e duradouro
que se encontram as fundações do nosso edifício.
Podem os proprietários portugueses, detentores de propriedades em qualquer local
do território nacional, confiar na ANP, tal como a ANP conta com eles!
FIM